Entrevista a João Nunes

novembro 26, 2014




Maria: Como entraste no mundo da moda?
João: Eu entrei no mundo da moda há dois anos, fiz o scouting online da central e depois fui chamado para uma entrevista.

Maria: Como caracterizas este tempo como manequim?
João: Este tempo tem sido muito bom, tem havido uma evolução no número e diversidade de trabalhos e uma melhoria das minhas capacidades, tanto a nível técnico como de conhecimento de todo o envolvimento da área da moda.

Maria: Era um sonho de criança?
João: Sempre tive muito interesse pelo mundo da moda, como tal acho que posso considerar que, no fundo, foi a concretização de um sonho de criança.

Maria: O que mudou na tua vida após a tua entrada para o mundo da moda?
João: Acho que passei a conhecer muito mais pessoas e a ter mais facilidade em conviver, desde início, com pessoas muito diferentes, que nunca tinha contactado antes. Para além disso, passei a ter uma vida mais preenchida e a ter de me organizar ainda melhor para que tudo corra dentro dos conformes.

Maria: Como defines a tua personalidade?
João: Considero-me acessível, bem-humorado, calmo e trabalhador.



Maria: Qual é o teu signo?
João: Gémeos.

Maria: Qual o desfile e sessão fotográfica que mais te marcou?
João: O desfile foi o da KLAR neste último Portugal Fashion e a sessão fotográfica foi a minha primeira, para o concurso da Centralmodels - Fresh Faces 2013, no qual fiquei entre os finalistas.

Maria: Como descreves aquilo que sentes antes, durante e depois de um desfile?
João: Geralmente, muito antes do desfile não sinto qualquer alteração, quando começa a maquilhagem e a preparação dos cabelos, aí sim, começo a sentir-me um bocado mais ansioso com aquela sensação de “borboletas no estômago”. Mal começo a desfilar, dá-se uma mudança completa e deixo de estar ansioso passando a estar motivado e concentrado, quando acaba tenho sempre a sensação que passou muito rápido e fico à espera de mais.

Maria: O que mais gostas de fazer na moda? Desfiles, editoriais?
João: Eu acho que não consigo dar preferência a nenhum, os desfiles são sempre mais emocionantes porque há sempre muito mais preparação, o backstage, a música, a rapidez com que tudo acontece e o stress para que tudo esteja perfeito.
Nos editoriais, há uma relação muito mais pessoal, porque não temos um público a observar, temos uma câmara e um fotógrafo com quem temos que estabelecer o conexão, mas não deixa de ser muito bom podermos ver e rever o nosso trabalho e mostrar várias facetas da nossa personalidade, é um tipo de trabalho muito mais controlado, no qual estamos a receber feedback constante por parte do fotógrafo e do stylist, e, por isso, conseguimos adaptarmo-nos mais facilmente ao objectivo do trabalho.



Maria: Tens algum estilista favorito? Nacional e internacional?
João: A nível nacional, gosto muito do trabalho de vários criadores: Hugo Costa, Nair Xavier e da KLAR, que está a fazer desenvolver um trabalho muito ambicioso e diferente de todos os outros. Internacionalmente, quem eu destaco são: Acne, Burberry Brit e Prorsum, Dior Homme, Lanvin, Paul Smith e Saint Lauren.

Maria: Tens conseguido conciliar o teu trabalho como modelo com a tua vida pessoal?
João: Sim. No entanto, para além dos trabalhos como modelo e da minha vida pessoal, tenho de conciliar o meu curso de Medicina, as aulas e o estudo. Por isso, tenho que organizar muito bem o meu tempo, de forma a conseguir atingir todos os meus objectivos.

Maria: Tens alguma referência na moda?
João: Tenho várias. No que toca aos modelos portugueses, acho que, não só eu, mas todos os outros modelos masculinos, devemos ter o Luís Borges, o Gonçalo Teixeira, o Kevin e o Jonathan Sampaio, e o Armando e o Fernando Cabral como referências nacionais, por todos os obstáculos e conquistas que conseguiram alcançar no panorama da moda internacional.
Relativamente aos modelos estrangeiros, as minhas referências são o Adrien Sahores, o Clement Chabernaud, o Yuri Pleskun e o Gryphon O’Shea.



Maria: O que pensas das medidas impostas aos modelos, principalmente às mulheres?
João: Actualmente, acho que estas imposições estão cada vez mais rigorosas, mas existem casos que demonstram que tal não é necessário para singrar como modelo. Temos o exemplo da Sara Sampaio que, à partida, pelos seus 1,72m não conseguiria atingir uma carreira internacional, e, contrariamente ao que essas medidas impostas poderiam prever, ela actualmente é uma das (se não a) modelos portuguesas mais bem sucedidas de sempre, ou seja, o que isto demonstra é um grande esforço e trabalho por parte dela e das pessoas que acreditaram no seu potencial, como a Centralmodels, de forma a ultrapassar os obstáculos que se opunham ao seu sucesso, mostrando que estas medidas impostas conseguem ser ultrapassadas.

Maria: O que achas da moda nacional e internacional?
João: Como é óbvio, por todas as condicionantes do mercado português, desde a crise económica até ao tamanho do mercado interno e as suas preferências, a moda nacional não pode ser directamente equiparada à internacional. Apesar disso, e contrariamente ao que a maioria das pessoas esperava, a moda portuguesa está cada vez mais forte, com uma produção de produtos mais exigente e com melhor design, e a conseguir atingir mercados além fronteira, como podemos ver pelos casos da Fly London, Luís Onofre e Miguel Vieira.
Relativamente à moda internacional, acho que os consumidores estão cada vez mais exigentes, à procura de um tipo de produto singular, que se destaque pela positiva na qualidade, no preço e na abordagem de design fora do comum. Por isso vemos, cada vez mais, as marcas de renome internacional a tentarem inovar e explorar outras vias de criação, e o surgimento de novas marcas que, pela sua originalidade, estão a cativar cada vez mais clientes.



Maria: Nos próximos tempos, o que pensas que irá acontecer à moda nacional e internacional?
João: Acho que tanto a moda nacional como a internacional vão desenvolver-se muito mais, sobretudo pelo recurso ao comércio online, as marcas tenderão a criar plataformas mais intuitivas e apelativas ao utilizador. Mas tenho consciência que isso seja muito mais difícil em Portugal que no estrangeiro, por estarmos muito mais enraizados ao formato de loja física.

Maria: Quais os teus segredos que te guiam a uma carreia consistente na moda? Quer a nível da alimentação e exercício físico.
João: A nível de alimentação, tento não abusar em fast-food, mas também porque não gosto da maioria, e ter um consumo de água suficiente para me manter bem hidratado. No que toca ao exercício físico, quando está bom tempo, aproveito para fazer o percurso entre casa e a faculdade a pé, sendo que pelo facto do Porto não ser uma cidade muito plana, ajuda a fazer alguma actividade física ao ar livre, aproveitando bem esse tempo de viagem. E, para além disso, tento ir tantas vezes quanto possível ao ginásio.

Maria: Que características da tua personalidade te ajudam à tua profissão como modelo?
João: Esta pergunta é muito difícil de responder! Considero-me uma pessoa fácil de lidar, acessível, que consegue lidar bem com o stress, que segue bem as orientações das pessoas com quem trabalha e que gosta de aprender. Além disso, acho que sou esforçado e trabalhador, e tento sempre fazer o melhor possível, um trabalho com qualidade que vá de encontro ao padrão exigido pelo cliente e ao que eu exijo a mim próprio.



Maria: Qual a tua bebida e comida favorita?
João: A minha bebida favorita, actualmente, é cidra e a comida é sushi.

Maria: Se não fosses modelo, o que gostarias de ser?
João: Acho que são poucas as pessoas em Portugal que se podem afirmar unicamente como modelos. Eu gosto muito do mundo da moda e do meu trabalho como modelo, e concilio-o com o meu curso, acho que a maioria das pessoas dentro desta área também o fazem, somos poucos os que nos podemos orgulhar, dentro do nosso país, de “viver” unicamente do mundo da moda e não ter uma segunda actividade, sejam os estudos ou uma outra profissão.

Maria: Quais os conselhos que darias aos rapazes que pretendem ingressar no mundo da moda?
João: O primeiro conselho e mais importante é optar por uma boa orientação e, para tal, devem ir directamente a uma boa agência de modelos, de forma a que pessoas competentes consigam avaliar se o perfil do rapaz se adequa ou não a este tipo de trabalho. O segundo conselho é evitar os cursos de modelos que estão sempre a aparecer em qualquer lado, uma vez que, se a pessoa tiver, realmente, um perfil adequado, a agência encarregar-se-á de dar a formação que acha adequada. O último conselho é ter vontade de aprender e de trabalhar, e ter uma boa capacidade de organizar o seu tempo disponível.



Maria: Conheceste algum modelo que te marcou?
João: Conheci o Luís Borges, durante o Fresh Faces 2013, e continuo a lembrar-me dos conselhos que me deu para o meu futuro no mundo da moda.

Maria: Qual a cidade que mais gostaste de conhecer na qual trabalhaste como modelo?
João: Até agora, a que gostei mais de conhecer foi Lisboa, que era uma cidade que tinha explorado pouco. Após alguns trabalhos e castings, pude ter uma nova imagem da capital do nosso país.

Maria: Tens algumas novidades sobre futuros trabalhos que possam ser reveladas?
João: Eu não gosto de revelar nada antes que aconteça, para além de que acho que os trabalhos têm muito mais impacto quando causam surpresa, por isso não te vou contar nada!



Pois João, mas parece que não te adianta de nada esconderes! (risos) 
A foto abaixo foi publicada há dias pela agência do João, Central Models, no qual o manequim irá participar novamente na próxima campanha da marca KLAR.


Fotografias: 
Central Models
Klar
Nuno Vieira


Maria Pedrosa
Novembro, 2014.
Todos os direitos reservados.

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